IFRR participa das comemorações dos três anos de cooficialização das línguas macuxi e wapichana
Celebrar o resgate do que há de mais importante para um povo ou uma nação, a língua mãe, é mais do que louvável. Uma celebração dessa natureza ocorreu nesta segunda-feira, dia 4, na Comunidade Indígena do Manoá, onde predominam as etnias macuxi e wapichana. O evento iniciou-se às 8h30 com a tradicional dança do parixara e encerrou-se às 16h30.
A programação foi bastante intensa. Houve muitos discursos em macuxi e wapichana, e a principal ênfase, em todas as falas, foi a importância de os pais conversarem com os filhos na língua materna. Os líderes entendem que a continuação da cultura indígena e a preservação da língua passam pela vontade de cada jovem em querer valorizar e preservar o principal meio de comunicação, a língua-mãe.
O coordenador-geral dos tuxauas do CIR, Clóvis Ambrósio, um dos fundadores do Conselho Indígena de Roraima, chamou a atenção para essa luta que se iniciou com ele e outros líderes em décadas passadas e que só agora, há pouco menos de três anos, foi reconhecida. “Vocês, jovens, precisam entender isso, porque houve embates sérios até que conseguíssemos nos libertar. Na época, não tínhamos a oportunidade de estudar, mas hoje vocês têm à disposição escolas de ensino fundamental e médio de qualidade, e até universidades públicas. Mas, para isso continuar, é necessário perseverar e não ver obstáculos, mas, sim, soluções para as nossas causas”, disse o líder.
O Instituto Federal de Roraima esteve presente no encontro por meio de representantes do Campus Avançado Bonfim (CAB) e do Campus Boa Vista (CBV). A professora Ivone Mary Medeiros de Souza, professora de Língua Portuguesa do CBV, vê a preservação da língua com o fortalecimento da cultura e a cooficialização das línguas macuxi e wapichana. Segundo ela, esse trabalho de resgate vem de longas décadas, tendo à frente líderes indígenas, professores, alunos e linguistas. “Esse resgate da língua está sendo coroado com o reconhecimento, aqui no Município do Bonfim, na Comunidade do Manoá, dessas duas línguas. Além do esforço dos povos, várias instituições, como o Instituto Federal de Roraima, a Universidade Federal de Roraima, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Diocese de Roraima, que são vigilantes em relação aos direitos e à valorização dos povos indígenas de Roraima, deram sua contribuição”, disse.
Durante a programação, foram criados três grupos de trabalho, em que os participantes das comunidades indígenas, junto com os representantes das instituições convidadas, elaboraram sugestões para que, em delegacias, hospitais, escolas e repartições públicas em geral, haja intérprete da língua materna para facilitar o atendimento aos indígenas que precisam dos serviços desses órgãos e/ou instituições. As atividades foram encerradas às 17 horas com a dança do parixara.