Pesquisador do IFRR defende tese sobre praga registrada apenas em Roraima
Em Roraima, quem já teve contato com pé de laranja ou de limão deve ter observado manchas esbranquiçadas nos frutos e nas folhas. Pode tratar-se do ácaro-hindustânico-dos-citros (Schizotetranychus hindustanicus), praga quarentenária presente (A2). Ele foi detectado no Brasil, pela primeira vez, no Município de Boa Vista, em 2008, possivelmente introduzido por material vegetal infestado proveniente da Venezuela, segundo publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Conforme essa publicação, em 2010 o ácaro-hindustânico-dos-citros foi observado nos Municípios do Cantá, de Bonfim e de Boa Vista, mas, no ano de 2015, em trabalho de levantamento da praga em todo o Estado de Roraima, verificou-se que ela estava distribuída em 13 dos 15 municípios, exceto no Uiramutã e em Caroebe.
Segundo a tese apresentada pelo professor Fernando Luiz Figueirêdo, do Instituto Federal de Roraima (IFRR)/Campus Novo Paraíso, em colaboração técnica no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, atualmente a praga está presente em todos os municípios do estado, tendo maior ocorrência nos períodos mais secos do ano.
A tese “Bioecologia do ácaro-hindustânico-dos-citros (Schizotetranychus hindustanicus) em laranja e do ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) em mamoeiro em Roraima” foi defendida no fim de fevereiro deste ano, como parte das exigências para a obtenção do título de doutor em Biodiversidade e Conservação pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), em parceria com a Universidade Federal de Roraima.
O trabalho desenvolvido em parceria entre o IFRR e a Embrapa-RR teve como objetivo fazer o levantamento da ocorrência da praga em Roraima, onde foi detectada a presença dela nos 15 municípios. “Paralelo a esse levantamento, foi feito um trabalho de dinâmica populacional durante 2,5 anos, quando foi observado o comportamento dessa praga, fazendo correlações entre sua ocorrência e fatores climáticos como precipitação, temperatura e umidade relativa, bem como se a praga tinha preferência por alguma parte específica da planta”, disse Figueirêdo.
Segundo o doutorando, durante a pesquisa foi feito o levantamento de informações pouco conhecidas. “Outro dado importante é que agora sabemos como o ácaro-dos-citros se comporta ao longo do ano em detrimento das condições climáticas de Roraima, e também encontramos inimigos naturais que são potenciais predadores da praga. Outras pesquisas podem ser desenvolvidas, como testes de predação com os inimigos naturais encontrados, para saber como agem em relação ao controle natural da praga e se são ou não predadores”, explicou.
O professor esclarece ainda que, como as informações ecológicas sobre o ácaro-hindustânico-dos-citros são escassas e o Brasil é o maior exportador de citros do mundo, existe uma grande preocupação para a praga não se disseminar pelo País, fazendo com que os países importadores imponham barreiras comerciais que venham aumentar os custos de produção e dificultar as exportações.
“Como as informações a respeito da praga são escassas, o trabalho tem base importante na geração de informações que servirão de suporte para que outros trabalhos sejam feitos como a finalidade de se desenvolver um programa de manejo, bem como para evitar a disseminação da praga por outras regiões produtoras de citros da Brasil”, finalizou Figueirêdo.
A tese teve como orientadora a professora doutora Elisangela Gomes Fidelis, da Embrapa Serrados/Distrito Federal, e como coorientadora a professora doutora Tatiane Marie de Castro, da Universidade Estadual de Roraima (Uerr).